Por Mariela Silveira - Médica nutróloga e Terapeuta Cognitiva, diretora clínica do Kurotel – Centro Contemporâneo de Saúde e Bem-Estar
Veloz, muito veloz. É assim que está o ritmo da vida da maior parte das pessoas que se encontram ativas na década que iniciamos. E seguramente, a velocidade a aumentará. Contudo, se por um lado isto é excelente, pois gera oportunidades e experiências, por outro, leva ao aumento dos males do século. O elevadíssimo número de pessoas com estresse, ansiedade e depressão nunca foi tão elevado. O Brasil ganhou o triste título de país com maior diagnóstico de Transtorno de Ansiedade do mundo, passando os 10% da população. É interessante refletir que a ansiedade sempre depende do aval do ansioso.
Ou seja, o sentido e interpretação do que está sendo vivido se dá pelo indivíduo. Dessa forma, a capacidade de resiliência - que depende de habilidades cognitivas e afetivas - pode fazer com que a tolerância ou reparo aos estressores vividos sejam menos ou mais efetivos. A velocidade pode enfermar; mas a boa notícia é que regular o ritmo – interno – pode levar à saúde.
A meditação é uma excelente forma de se trabalhar a resiliência. Nos últimos dez anos, neurocientistas têm se dedicado para compreender a meditação e seus resultados. Diferentes técnicas, abordagens e metodologias foram avaliadas e os desfechos mostram benefícios muito significativos para a melhora da saúde física em praticantes da meditação. Para o cérebro, os resultados são muito impactantes. Os trabalhos de Lazar (Harvard) e Davidson (Winsconsin) foram muito claros ao mostrarem o aumento de córtex cerebral. E a brasileira Kozasa e sua equipe (USP) conseguiram diferenciar o cérebro de quem medita daqueles que não meditam regularmente com mais de 94% de acurácia.
Mindfulness, ou atenção plena, é um treinamento intensivo dos processos atencionais, no corpo e na meta-atenção (observação dos pensamentos). Não é uma técnica de relaxamento, mas uma prática científica de promoção de saúde física e mental. Pode ser aprendido por meio de treinamento formal ou informal. A prática formal refere-se à meditação e é uma oportunidade de vivenciá-lo em níveis mais profundos. A prática informal, por sua vez, refere-se à aplicação das habilidades de mindfulness na vida diária.
Vamos praticar por 1 minuto?
1. Sente-se em uma cadeira com encosto ereto. Seus pés podem repousar no chão. Feche os olhos ou abaixe o olhar.
2. Concentre a atenção em sua respiração enquanto o ar flui para dentro e para fora de seu corpo. Observe a respiração sem esperar que algo de especial aconteça. Não há necessidade de alterar o ritmo natural.
3. Após alguns instantes, talvez sua mente comece a divagar. Ao se dar conta disso, traga sua atenção de volta à respiração, suavemente. Trazer a atenção de volta sem criticar a si mesmo é central para a prática da meditação da atenção plena.
4. Sua mente poderá ficar tranquila como um lago – ou não. Seja lá o que aconteça, permita que seja como é.
5. Após um minuto, abra os olhos devagar e observe o ambiente novamente.