O papel do intestino no nosso corpo vai muito além da digestão dos alimentos. "A microbiota intestinal desempenha um papel fundamental na saúde do organismo", afirma a nutricionista Michelle Mileto Troitinho, da equipe técnica do Kurotel. "O ecossistema de microrganismos, ou seja, de bactérias presentes no intestino, desempenha funções importantes, como absorção de nutrientes, processos metabólicos dos carboidratos, proteínas, gordura e compostos bioativos, fortalecimento e modulação do sistema imunológico, e manutenção da integridade da barreira intestinal", completa.
Quando há um desequilíbrio dos gêneros e espécies das bactérias que habitam o intestino - assim como qualquer alteração em sua composição - é dado o nome de disbiose. "Essa condição pode resultar em uma possível síndrome do intestino permeável (ruptura da barreira intestinal), causando alguns sinais e sintomas, como constipação crônica, episódios de diarreia, flatulência, e distensão abdominal", explica Michelle.
De acordo coma nutricionista, estudos observacionais em humanos têm mostrado que indivíduos com obesidade apresentam uma composição da microbiota intestinal diferente daquela encontrada em pessoas com peso corporal adequado. "Identificou-se que pessoas obesas possuem uma menor diversidade bacteriana e um maior número de bactérias associadas ao consumo maior de calorias dos alimentos e ao armazenamento de gordura. Esse perfil bacteriano pode contribuir para o sobrepeso e o desenvolvimento da obesidade", diz ela.
"Da mesma forma que uma alimentação rica em gorduras saturadas e carboidratos refinados pode levar à resistência à insulina, diabetes tipo 2, e a síndrome metabólica. Estudos têm mostrado que a composição da microbiota intestinal em indivíduos nessas condições pode prejudicar o metabolismo de carboidratos, aumentar a produção de compostos inflamatórios e alterar a resposta imunológica, contribuindo para o desenvolvimento de doenças metabólicas", completa Michelle.
"Segundo cérebro"
Muita gente considera o intestino nosso "segundo cérebro" e isso não é sem razão. "Nos últimos anos, muitas evidências científicas confirmaram que existe na porção distal do intestino mais de 100 milhões de neurónios, sendo um ponto de encontro e de comunicação entre nervos, células imunológicas e microrganismos", explica Michelle Mileto Troitinho. "Esta rede de comunicação bidirecional de moléculas e sinais neurais, que engloba o trato gastrointestinal, o sistema nervoso e o cérebro é denominada de eixo intestino-cérebro", diz.
"A microbiota pode conduzir seus sinais ao cérebro através de várias vias, sendo as principais, o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) - liberando corticotrofina (CRH) e cortisol -, e a atividade neuroimune - através da produção de neurotransmissores que podem cruzar a barreira hematoencefálica da circulação sanguínea. Assim, como o cérebro é capaz de modular a microbiota intestinal, através de alterações na motilidade, secreção gastrointestinal ou permeabilidade intestinal (disbiose)", afirma a nutricionista.
Melhorando o funcionamento do intestino
Segundo Michelle Mileto Troitinho, uma das estratégias mais eficazes para promover um microbioma intestinal saudável é por meio da alimentação. "Uma dieta equilibrada e rica em fibras, vitaminas, minerais, compostos bioativos (antioxidantes) e gorduras poli-insaturadas são fundamentais para nutrir as bactérias protetoras e aumentar a sua proliferação", diz ela.
"Alimentos como frutas (principalmente as frutas vermelhas), legumes, cereais integrais (arroz integral, aveia, pães integrais, etc.), leguminosas (ervilha, lentilha,feijão, grão-de-bico, etc.), sementes oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas,etc.), peixes, ovos, especiarias (açafrão-da-terra, pimentas, gengibre, canela,cacau, etc.) estimulam o crescimento das bactérias protetoras no intestino", completa.
De acordo com Michelle, estudos científicos mostram que o consumo diário destes alimentos também está relacionado ao aumento da diversidade bacteriana e a uma redução da inflamação intestinal. "A diversidade bacteriana é um indicador importante da saúde intestinal, pois quanto maior a diversidade, melhor é a função do microbioma", afirma ela.
Os prebióticos, substâncias não digeríveis encontradas em alguns alimentos, também são responsáveis pela promoção de um microbioma saudável. "Alimentos com o alho envelhecido, chicória, cebola, biomassa de banana verde, alcachofra, aspargos, chucrute e kombucha estimulam o crescimento e a atividade das bactérias protetoras do intestino", diz Michelle.
"Além dos prebióticos, os probióticos também desempenham um papel importante na saúde intestinal. "Os probióticos são microrganismos vivos encontrados em certos alimentos e suplementos, como iogurte, kefir (água e leite) e lactobacilos. Quando ingeridos regularmente, os probióticos podem ajudar a restaurar o equilíbrio do microbioma intestinal e melhorar a saúde intestinal", explica.
"É importante destacar que cada indivíduo possui características individuais de microbiota intestinal e pode necessitar de recomendações específicas de acordo com suas necessidades nutricionais e patologias. Ter acompanhamentos médico e nutricional personalizados são essenciais para a prescrição de estratégias alimentares e de suplementos adequados, para prevenção de doenças e melhor qualidade de vida", ressalta Michelle Mileto Troitinho.
Como o Kur pode auxiliar
No Kurotel, exames e tecnologias padrão ouro estão disponíveis para analisar os mais diversos marcadores de saúde e ajudar no objetivo individual de cada cliente. Um desses exames é o Painel Intestinal Completo que analisa a microbiota intestinal e o cropológico funcional (condições digestivas, má absorção, infecções intestinais e disbiose).
Entre os benefícios deste exame estão: orientação personalizada de alimentos, prebióticos, probióticos e antioxidantes para promover o crescimento de bactérias benéficas e melhorar a saúde intestinal; análise do que pode estar causando problemas digestivos e prevenção de doenças (correlacionando microrganismos e doenças crônicas). Clique aqui e saiba mais.
Michelle Mileto Troitinho - Graduada em Nutrição Clínica pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), em 2004, pós-graduada Latu Senso em Nutrição Clínica Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul/SP (UNICSUL), e Instituto de Ensino e Pesquisa VP/SP, em 2011. Certificação Internacional em Nutrição Esportiva pelo American College of Sports Medicine/ACSM, em 2022. Certificação Internacional em Nutrição Integrativa e Personalizada pelo American College of Sports Medicine/ACSM, em 2024 - CRN2 5752